As mudanças climáticas, o manejo inadequado das lavouras e o uso impróprio de defensivos agrícolas são fatores que podem contribuir significativamente para o aumento de pragas no campo. A agrometeorologista da Rural Clima, Ludmila Camparotto, destaca que “condições de umidade e temperatura, especialmente associadas a períodos secos, favorecem o crescimento de organismos que podem se tornar pragas”.

Dentre essas pragas, incluem-se lagartas, fungos, bactérias, vírus e ervas daninhas. “Algumas delas são extremamente difíceis de controlar e, dependendo da gravidade da infestação, podem comprometer toda a produção agrícola”, explica.

Ao contrário de países do hemisfério norte, onde o clima frio, como a neve, pode eliminar parte dos problemas fitossanitários, o clima tropical do Brasil é mais suscetível a ataques de pragas. No Brasil, a possibilidade de produzir até três safras por ano—uma no verão, outra no inverno e uma entre essas estações—mantém condições contínuas para a sobrevivência de pragas, especialmente em cultivos de soja, milho e trigo. Essa prática, conhecida como “ponte verde”, perpetua a presença de pragas nas lavouras.

Além disso, a agrometeorologista ressalta que o uso inadequado de defensivos agrícolas pode levar ao desenvolvimento de resistência nas pragas e causar desequilíbrios biológicos, além de impactar negativamente a saúde e o meio ambiente. “Essa questão está intimamente ligada a práticas de manejo inadequadas, como o plantio direto e a falta de limpeza das lavouras, bem como à ausência de controle sobre plantas daninhas que podem abrigar pragas. Algumas espécies conseguem sobreviver mesmo após a exposição a defensivos”, explica Camparotto.

Portanto, é essencial adotar práticas e estratégias de manejo que minimizem a seleção de resistência às substâncias químicas, promovendo um ambiente mais equilibrado e sustentável para a produção agrícola.

Quais as melhores estratégias para reduzir a incidência de pragas?

A rotação de culturas é um dos principais métodos para prevenir a incidência de pragas, pois interrompe o ciclo das doenças ao alternar o cultivo de diferentes espécies. Como explica a agrometeorologista, “essa prática ocorre quando o plantio de uma espécie hospedeira é intercalado com outra que não favorece o desenvolvimento de pragas ou patógenos, resultando em sua diminuição ou eliminação.

Além disso, é fundamental planejar o momento adequado para a dessecação, escolhendo períodos menos favoráveis para determinadas pragas, assim como adotar um manejo eficiente da irrigação e realizar aplicações de controles químicos em condições climáticas apropriadas. O acompanhamento das previsões agrometeorológicas também é essencial para otimizar essas intervenções”, finaliza.

Fonte: Rural Clima | Por Beatriz de Lima Buosi – Jornalista