É uma das maiores médias históricas de falta de chuva nas regiões centro-norte do Brasil. O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos afirma que “não se falava em tamanha secura e baixa umidade do ar desde 2010 e os números são alarmantes”. Dados da consultoria agrometeorológica da Rural Clima apontam que em Patos de Minas (MG) não chove há quase centro e trinta dias. Em Rio Verde (GO) não há registros de uma gota d’água desde abril, ou seja, são aproximadamente 128 dias sem água e Sorriso (MT) contabiliza 122 dias na seca, além da região noroeste paulista onde diversas áreas apresentam déficit de água por mais de 115 dias.

Incêndio em plantação de cana de açúcar em Dumont, SP, em 24 de agosto de 2024
Imagem: JOEL SILVA/REUTERS
Incêndio em plantação de cana de açúcar em Dumont, SP, em 24 de agosto de 2024
Imagem: JOEL SILVA/REUTERS.

O clima seco favoreceu os focos de incêndio em várias regiões nos últimos dias quando cidades inteiras ficaram encobertas por uma espessa nuvem de fumaça. Diversos setores foram prejudicados, como: o transporte aéreo em alguns aeroportos além de prejuízos para os setores sucroalcooleiro, cafeeiro, de pastagens, fauna e flora. No setor sucroalcooleiro, “as perdas poderão ser superiores a três bilhões de reais, o que poderá afetar a produção de açúcar e etanol no país”. No café, algumas áreas foram totalmente queimadas, “o que afeta não só a produção de 2024, mas principalmente os próximos dois anos”, ressalta.

Porém, “a passagem de uma frente fria ao longo do último final de semana de agosto trouxe chuvas irregulares para muitas cidades de São Paulo, principalmente nas regiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, onde estavam os principais focos de incêndio. Foi o que ajudou a combater as queimadas mas ainda não o suficiente para tranquilizar totalmente o setor.”, explica.

E quando a chuva deve retornar?

Segundo o agrometeorologista, as perspectivas tendem a aumentar ao longo do mês de setembro, uma vez que não há previsão de chuvas para as regiões Sudeste e Centro-oeste ao longo das próximas semanas. Os modelos meteorológicos indicam divergências entre os períodos exatos que os volumes pluviométricos serão frequentes. “O modelo americano aponta chuvas irregulares até meados de outubro – resultado da tendencia da formação da La Niña no início da primavera, já o modelo climático europeu sinaliza bons volumes no mesmo período, uma vez que a La Niña deverá chegar somente no fim do ano. Mas de maneira geral, a Rural Clima prevê chuvas bastante irregulares até meados de outubro, quando de fato o regime de chuvas se consolidará no centro-norte do Brasil”.

Da seca do centro-norte à geada no sul do Brasil

 A passagem de uma massa de ar polar de origem polar fez os termômetros despencarem em grande parte das regiões centro-sul do Brasil. Em Guarapuava (PR), a temperatura chegou a -1 grau, assim como cidades de Santa Catarina e Rio Grande do Sul onde geou.

Esta massa de ar polar vai perdendo forças ao longo dessa semana resultando em temperaturas mais altas, diminuindo consideravelmente os riscos para novas ocorrências de geadas, segundo o agrometeorologista.

O início de setembro vem acompanhado de uma nova frente fria que pode trazer chuva para o sul do país. “Os maiores volumes deverão ficar concentrados no Rio Grande do Sul e as condições serão favoráveis para dar início ao plantio da nova safra de milho verão no Estado”, conclui.

Fonte: Rural Clima | Por Beatriz de Lima Buosi – Jornalista