As projeções meteorológicas anunciadas pela Rural Clima indicam que o fenômeno La Niña deve se instalar entre final de agosto e início de setembro. Com o seu estabelecimento, em algumas regiões do Brasil, o plantio para a safra 2024/25 poderá atrasar. Porém, a expectativa é de que a colheita seja positiva para a agricultura do país, superando a safra de 2023/24, que foi afetada pelo El Niño.

De acordo com as estimativas, a consolidação da La Niña deverá ocorrer em setembro, e deve seguir até janeiro de 2025. A expectativa é de que o fenômeno provoque aumento significativo de chuvas para o centro-norte do Brasil, em especial na região do Matopiba, onde estão localizados os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Por outro lado, no Sul do país, a tendência é de chuvas menos volumosas na primavera e, principalmente, no verão.

Regiões com volume de chuva menor

Além da precipitação abaixo da média no Sul do Brasil, as projeções meteorológicas indicam que a La Niña poderá causar maior variação na temperatura, com o risco de ocorrência de geadas tardias. “Para o caso dos produtores do Sul, é necessária muita atenção para quem costuma fazer o plantio do milho em agosto”, menciona a agrometeorologista da Rural Clima, Ludmila Camparotto.

O que são geadas tardias?

Geada é um fenômeno que ocorre quando as temperaturas de uma região estão abaixo de 5°C, após a entrada de uma massa de ar de origem polar. Para o fenômeno ocorrer é necessário, além das baixas temperaturas, condições para céu claro, sem nuvens e pouca umidade na atmosfera. Este ano é um ano propicio para ocorrência de geadas no sul do Brasil e, principalmente há risco para geadas tardias, que significa que entre agosto e outubro, épocas em que geadas não são mais tão comuns devido à sua aproximação com a primavera e gradual aumento das temperaturas, o risco para episódios de geadas ainda exista. Isso ocorre devido a entradas de massas de ar de origem polar, que são intensas e ligeiramente fora de época, e que podem favorecer a ocorrência deste fenômeno. O risco é maior esse ano devido estarmos em Neutralidade Climática, tendendo para uma La Niña.

A especialista lembra que, outro ponto de atenção está na região central do País, com o possível atraso na regularidade das chuvas. “Ou seja, o plantio deve ser realizado mais tardiamente esse ano. Poderão sim ocorrer algumas chuvas entre setembro e início de outubro, mas a regularização pode acontecer mais tarde”, completa.

No entanto, mesmo com a La Niña, Ludmila lembra que o padrão de chuvas no Brasil também é impactado por outras variáveis, como a temperatura do Oceano Atlântico Sul. A expectativa é de que o sudoeste do Atlântico Sul deve estar mais quente que a média climatológica, contribuindo para uma melhor qualidade das chuvas no Sul brasileiro.

Efeitos da La Niña para a próxima safra

Ludmila salienta que a ocorrência da La Niña entre 2024 e 2025 não deverá provocar impactos negativos. A especialista lembra que o fenômeno costuma ser prejudicial quando ocorre por um segundo ano consecutivo ou quando ocorre com forte intensidade, o que não é o caso. Não há uma periodicidade específica para a La Niña, com seu último ciclo ocorrido entre os anos de 2020 e 2023. Entre 2023 e 2024, o fenômeno climático foi o El Niño, que é o oposto da La Niña.

“A estimativa é de que a intensidade da La Niña será mais fraca. Há uma boa probabilidade de que as chuvas ocorram levemente abaixo da média no país, mas sem causar impactos muito significativos para a agricultura”, aponta a agrometeorologista.

Quanto às expectativas para a safra 2024/25, Ludmila destaca que será possível obter colheitas melhores que as da safra de 2023/24. “A ótima notícia para a agricultura realmente é o fim do El Niño. Nós nos preocupamos mais com a La Niña se ocorrer pelo segundo ano consecutivo. Acredito que teremos um ano muito bom para o setor”, finaliza.

Fonte: Rural Clima | Autor: Ruan Nascimento – Jornalista